Obesidade, hipertensão e diabetes: entenda a relação entre essas doenças
A Organização Mundial da Saúde considera a obesidade uma doença e, o mais preocupante, é a estatística dos jovens neste quadro. Dados do IBGE mostram que 17% dos meninos e 12% das meninas, com idade de 5 a 9, são obesos. Outra pesquisa, do Ministério da Saúde, alerta que o número de obesos no país aumentou 67,8%, entre 2006 e 2018.
Por este motivo, aproveitamos este artigo para trazer mais informações sobre 2 temas que estão diretamente ligadas com a obesidade: diabetes e hipertensão. Antes de continuarmos o texto, é importante lembrar: a busca por um peso adequado muitas vezes está associada à estética, mas aqui o nosso foco é a saúde. Portanto, toda vez que falarmos sobre controle de peso, esqueça dietas ou tratamentos não comprovados cientificamente e preocupações que possam gerar distúrbios mentais.
O que é diabetes?
Diabetes é uma doença caracterizada pela elevação da glicose no sangue (hiperglicemia). Pode ocorrer devido a defeitos na secreção ou na ação do hormônio insulina, que é produzido no pâncreas. A falta da insulina ou um defeito na sua ação resulta em acúmulo de glicose no sangue, o que chamamos de hiperglicemia.
O diabetes tipo 1 caracteriza-se pela produção insuficiente de insulina pelo pâncreas pois suas células sofrem de destruição autoimune. A causa ainda é desconhecida.
Já o diabetes tipo 2 é causado pelo organismo que não produz insulina suficiente ou quando o corpo se torna resistente à insulina que produz. Muitas podem ser as causas: sobrepeso, sedentarismo, triglicerídeos elevados, hipertensão e hábitos alimentares inadequados
Os principais sintomas do diabetes são fome, sede excessiva e vontade de urinar várias vezes ao dia. O diagnóstico é feito por meio de testes de laboratório de glicemia e hemoglobina glicada. De acordo Sociedade Brasileira de Diabetes, existem atualmente, no Brasil, mais de 13 milhões de pessoas vivendo com a doença, o que representa 6,9% da população nacional. Dependendo do caso, a doença pode ser controlada com atividade física e planejamento alimentar. Há também casos em que é necessário o uso de insulina ou outros medicamentos para controlar a glicose.
Uma dieta balanceada ajuda a evitar a diabetes, principalmente a de tipo 2. O endocrinologista Marcio Krakauer, diretor da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia Regional São Paulo, destaca estudos que mostram que até mesmo o quadro da doença pode ter remissão em alguns casos: “Existem estudos que demonstram que é possível reverter o quadro de diabetes, por exemplo, por meio de cirurgia bariátrica. Há também o estudo chamado Direct Trial, que mostrou que indivíduos podem reduzir o diabetes em até quase 50% com uma dieta bem restrita de 850 kcal por dia por três a cinco meses. 46% dos participantes conseguiram manter o resultado em um ano e 36% continuaram com remissão em 2 anos. Existe a possibilidade, mas não para todos. A perda de peso entre 2 e 3 anos no início do diabetes pode ser um importante fator para a remissão da doença.
O que é obesidade?
A obesidade é caracterizada pelo acúmulo excessivo de gordura corporal. Em adultos, o Índice de Massa Corporal acima de 25 já é considerado sobrepeso e acima de 30 é classificado como obesidade grau 1. O cálculo do IMC é feito pela conta: peso dividido pela altura². De acordo com essa conta, uma pessoa com 1,65m e 82 quilos já é classificada com grau de obesidade 1. Se preferir, a Sociedade Brasileira de Endocrinologia disponibiliza uma calculadora online de IMC, basta clicar aqui.
Vários fatores estão ligados à obesidade, como genética, maus hábitos alimentares, disfunções endócrinas, entre outros.
O que é hipertensão?
A hipertensão é uma doença crônica, diagnosticada por meio da medição da pressão arterial igual ou superior a 14 por 9. A relação da hipertensão com o ganho de peso é explicada pela associação que existe entre o peso e o aumento do hormônio insulina plasmática, que ajuda no controle do volume sanguíneo e atividade vascular. Por isso, o controle da pressão sanguínea é prejudicado. Quem tem pressão alta acaba sobrecarregando o coração para que o sangue seja distribuído pelo corpo. A pressão alta, por sua vez, é fator de risco para outros quadros: acidente vascular cerebral, infarto, aneurisma arterial e insuficiência renal e cardíaca. Além da obesidade, o problema também tem influência genética e de hábitos como fumar, consumir bebidas alcoólicas, consumo de sal em excesso, entre outros.
O diagnóstico da hipertensão é feito pela medição regular. Pacientes acima de 20 anos devem medir a pressão ao menos uma vez por ano. Se houver casos de pessoas com pressão alta na família, deve-se medir no mínimo duas vezes por ano. É importante investigar porque os sintomas só aparecem quando a pressão sobe muito. Nesse caso, a pessoa pode sentir dores no peito, dor de cabeça, tonturas, zumbido no ouvido, fraqueza, visão embaçada e sangramento nasal.
Como é uma doença crônica, a hipertensão não tem cura, mas o tratamento é eficaz e capaz de controlar o problema. É o médico que irá definir que tipo de tratamento será dado ao paciente, o que geralmente engloba alimentação saudável com redução de sódio, exercícios físicos e medicamento.
Cuide-se!
Todas essas doenças possuem características semelhantes, como a importância de alimentação saudável e atividades físicas para preveni-las. Como pontuamos, há também o fator genético envolvido no diagnóstico da hipertensão e diabetes, portanto, mesmo quem tem um estilo de vida saudável e está com peso adequado, deve se submeter aos exames de rotina e sempre buscar orientação médica.
Para quem busca melhorar a alimentação, o Ministério da Saúde disponibiliza gratuitamente um guia alimentar, em que traz recomendações em linguagem acessível, voltado justamente para a população em geral. Uma das dicas da publicação é: evite alimentos processados, prefira sempre os naturais.
Fontes:
Dr. Marcio Krakauer, endocrinologista e diretor da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e
Metabologia Regional São Paulo.
http://www.saude.gov.br/saude-de-a-z/hipertensao
https://www.diabetes.org.br/publico/
https://www.endocrino.org.br/teste-seu-imc/